O crescimento do home office exige mudanças por parte do RH e das políticas de contratação e gestão de equipes.
Por isso, é fundamental que o profissional da área entenda as demandas atuais dos candidatos e saiba implementar o home office conforme a legislação e as necessidades de cada cargo.
Continue a leitura para saber mais sobre o tema!
Qual é a tendência do home office?
85% dos profissionais afirmam que trocariam de emprego para garantir atuação home office, mesmo que isso signifique uma busca mais criteriosa de processos seletivos, de acordo com uma pesquisa de 2023 realizada pela Infojobs e pelo Grupo Top RH.
Isso acontece porque as oportunidades home office permitem um equilíbrio melhor entre produtividade no trabalho e qualidade de vida. Na prática, uma vaga home office significa menos tempo em deslocamentos, oportunidade de viver fora de grandes centros urbanos e mais tempo disponível para atividades de lazer e convívio social.
O resultado pode ser menores taxas de estresse. Justamente por isso o trabalho remoto é considerado a opção ideal para um número crescente de profissionais.
Nesse caso, empresas que acabam resistindo à normalização do home office como uma opção válida para preenchimento de vagas podem correr o risco de perder potenciais profissionais qualificados em processos seletivos, além de aumentar a rotatividade de sua equipe a longo prazo.
Quais são as vantagens para as empresas?
Além de trazer um impacto na rotina dos membros da equipe, de forma individual, o home office traz benefícios para a atuação da empresa como um todo.
Ou seja, repensar os moldes de trabalho tradicionais não apenas beneficia cada colaborador, mas também otimiza a organização a longo prazo. Entre os pontos positivos estão:
Atração e retenção de talentos
Um dos desafios dos profissionais de RH é encontrar candidatos compatíveis com os processos seletivos. Isso, quando a empresa busca cargos mais altos com conhecimentos técnicos obrigatórios, se torna cada vez mais complexo.
Com a demanda de novos profissionais por home office, não oferecer essa opção pode ser uma barreira para atrair novos talentos. Vagas home office, por exemplo, permitem que candidatos de outras cidades, diferentes da sede da empresa, participem da seleção. É mais um banco de talentos disponível.
Além disso, se sua empresa não permite home office, muitos profissionais já treinados e estabelecidos podem buscar novas oportunidades compatíveis com essa transição do mercado de trabalho. Ou seja, menor retenção de sua equipe, mais gastos com contratações e treinamentos.
Maior produtividade da equipe
Outro ponto importante em relação ao home office é que ele pode refletir uma atenção maior às necessidades da equipe. Nesse sentido, os profissionais contratados se sentem mais motivados a manter a produtividade e a seriedade com os projetos.
Além disso, ao gastar menos tempo com fatores estressantes, os profissionais evitam a síndrome do burnout, sobrecarga vinculada ao trabalho que atinge 30% dos trabalhadores e compromete a realização das tarefas diárias.
Melhoria da reputação da empresa
A flexibilidade no trabalho é uma das principais características que indicam uma empresa atualizada com as novas práticas do mercado de trabalho. Ou seja, gestores que enxergam formas diferentes de trabalho, jornadas mais flexíveis e feedbacks construtivos tendem a manter uma equipe mais alinhada à missão da empresa.
O home office é um dos pontos mais buscados em termos de flexibilidade e faz sentido – além de focar unicamente nas tarefas do dia, o profissional ainda tem oportunidade de lazer, desenvolvimento pessoal e cuidados com a saúde e bem-estar.
Tudo isso reflete na reputação da empresa como um todo, levando a avaliações mais positivas em sites de indexação como GlassDoor e portais de vagas. Também pode contribuir para índices mais promissores e qualificar a empresa para reconhecimentos como o GPTW.
Diversificação e inclusão profissionais
A diversidade e inclusão nas empresas ainda está longe do esperado. Hoje, por exemplo, segundo a PNAD Contínua, o número total de pessoas com deficiência que poderiam trabalhar é de 17,5 milhões, mas apenas 5,1 milhões têm empregos.
E essa realidade não se limita a pessoas com deficiência, mas também minorias sociais e populações de baixa renda fora dos grandes centros urbanos. Ou seja, existem muitas lacunas a serem preenchidas nas empresas e suas equipes.
O home office também pode ser um aliado na política de inclusão. Por exemplo, se uma vaga exige compromisso presencial, mas o candidato qualificado tem mobilidade reduzida, pode ser uma barreira.
Tempo e custo de deslocamento acabam sendo impeditivos, além da necessidade de adaptar a rotina. Alternativamente, a mesma vaga oferecida em modelo home office permite que essa pessoa seja contratada.
Redução de custos
O aspecto financeiro do home office também deve ser levado em consideração, principalmente para empresas de pequeno e médio porte. Custos com locação de espaço, transporte, infraestrutura, manutenção e equipamentos na sede fazem grande diferença nas finanças empresariais.
Se parte da equipe atuar em modelo home office, por exemplo, a empresa pode estar sediada em um espaço menor, que reflita a necessidade real. Além disso, os custos com transfers (caso a empresa esteja localizada fora da rota de transporte público), limpeza, materiais de escritório e equipamentos são reduzidos proporcionalmente.
Como implementar uma política de home office benéfica?
Implementar uma política de home office efetiva é fundamental para atender às demandas e expectativas dos colaboradores, promovendo um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de aumentar a eficiência e a satisfação no trabalho.
Os profissionais de RH são peças-chave para o desenvolvimento e aprimoramento desse modelo de trabalho, contribuindo para a melhoria das relações da empresa. Para que isso seja possível, é preciso ter:
1. Comunicação transparente
Estabelecer canais de comunicação eficazes é um passo essencial para uma boa política de home office. Isso pode incluir reuniões em videoconferência, uso de ferramentas de mensagens instantâneas e e-mails claros e diretos.
Além de informes relevantes do RH, a gestão deve alinhar suas expectativas de forma clara com a equipe. Ou seja, as demandas no trabalho remoto devem ser comunicadas de forma transparente, nos espaços corretos de comunicação.
2. Flexibilidade e autonomia
Uma política de home office só funciona se ela realmente traz flexibilidade para que os colaboradores possam adaptar seu horário de trabalho às suas necessidades conforme as demandas da equipe e seus projetos. Isso pode incluir a possibilidade de escolher os horários mais produtivos, bem como realizar pausas conforme necessário.
Ao conceder autonomia aos colaboradores para gerenciar suas tarefas e responsabilidades, os gestores contribuem também para o desenvolvimento de competências comportamentais fundamentais para o crescimento da carreira: gestão de tempo e proatividade.
3. Suporte técnico
A empresa, por meio de equipes técnicas e profissionais de RH, deve garantir que os colaboradores tenham acesso aos equipamentos e tecnologias necessárias para realizar suas atividades no home office.
Na maioria dos cargos, isso inclui o fornecimento de laptops, acesso aos servidores da empresa, licenças de software e comunicação clara em caso de falhas.
4. Atividades de desenvolvimento profissional
O home office traz mais rendimento para as equipes, já que elas têm maior foco nas tarefas em si, ao invés de questões como deslocamento ao trabalho. Porém, vale lembrar que o home office também permite mais tempo para investir na carreira a longo prazo.
O RH pode e deve desenvolver planejamento de carreira e disponibilizar atividades que possam contribuir para a aquisição de conhecimento e formação de seus colaboradores. Além de ajudar a desenvolver novas habilidades a nível pessoal, essa estratégia traz inovação para a empresa.
Palestras, workshops e cursos com foco técnico são benéficos, mas um diferencial do home office é que ele abre espaço para profissionais interessados em complementar sua formação acadêmica durante o tempo livre.
O RH pode formar parcerias com instituições de ensino para que os colaboradores cursem ensino superior e pós-graduação.
5. Feedback baseado em resultados
A modalidade home office é uma nova forma de trabalho e exige mais confiança na relação para que funcione. Ou seja, é preciso fomentar diálogos mais abertos e claros dentro da empresa, independente do local onde elas ocorram.
Muitas vezes, durante o processo, as empresas mantêm hábitos do trabalho presencial, como conversas sem definição prévia e pouca documentação.
Os gestores devem levar em consideração o comprometimento com os projetos, a proatividade em trazer novas ideias, as metas atingidas e o impacto de cada colaborador durante as avaliações de desempenho.
Para garantir o sucesso de uma política de home office, os profissionais de RH devem manter um diálogo aberto com as equipes e solicitar feedback por meio de pesquisas e reuniões individuais. Isso ajuda a identificar áreas de melhoria e garantir que a modalidade de trabalho continue sendo benéfica e eficaz ao longo do tempo.
Quer saber mais? Confira nosso artigo sobre feedback e como aplicar no trabalho!